sábado, 2 de junho de 2007

Villa Mairea ,1938-39


Alvaar Alto, Villa Mairea, 1938-39


“Tornar a arquitetura mais humana significa criar uma arquitetura melhor, o que por sua vez, implica um funcionalismo muito mais amplo do que aquele com bases exclusivamente técnicas. Esse objetivo só pode ser alcançado por métodos arquitetônicos – pela criação e combinação de coisas técnicas diferentes, de tal modo que elas possam oferecer ao ser humano uma vida extremamente harmoniosa.”
Alvar Aalto



A Villa Marea, de 1938, foi um dos seus trabalhos que mais marcou em sua carreira. Consistia numa casa de verão construída para Mairea Gullichsen em Noormarkku. No primeiro esboço em forma de L percebe-se uma referência explícita ao Romantismo Nacional: a planta do estúdio Ruovesi construído por Gallén Kallela, em 1893. Uma lareira esulpida e saliente é comum nas duas obras e uma sala de estar escalonada que leva uma escada de mezanino.
A residência está situada no topo de uma colina, numa floresta de pinheiros. O primeiro olhar sobre a casa, através das árvores, dá a impressão de uma construção modernista de cores claras, mas, olhando de mais perto, os abundantes detalhes do edifício começam a surtir efeito. O edifício combina materiais modernos e um "vocabulário" moderno de forma e tradição, e dá à natureza uma base (de apoio) de um modo totalmente novo. Fazer uso de cenários naturais como ponto de partida para os seus desenhos, tornou-se a marca distintiva de Aalto.









A planta desta luxuosa Villa tem muito em comum com a casa de Aalto: apartamentos privados situados em cima, espaços de trabalho e lazer integrados em baixo, além dos materias, sendo uma mistura de tijolo aparente, alvenaria rebocada e chapas de madeira.








Planta Baixa
A obra representa um elo conceitual entre a tradição construtiva racional do século XX e o legado evocativo do movimento romântico nacional. Seus espaços básicos, as salas de estar e jantar, encontram-se ao lado de um pátio com jardim coberto dentro de uma lareira mais ou menos circular. A massa da casa e o perímetro de contorno irregular da piscina da sauna sugerem uma oposição entre a forma natural e artificial, e esse princípio prevalece na obra toda. Assim a "cabeça" do estúdio em forma de proa opõe-se à "cauda" representada pela sauna, e as paredes de tábua da área social contrastam fortemente com o branco dos espaços privados. Os acabamentos do andar térreo são também codificados com uma paisagem interna na qual as mudanças de azulejo para madeira ou uma pavimentação à base de pedras rústicas denotam sutis transformações de tom à medida que nos deslocamos, por exemplo, da lareira familiar para a sala de estar e estufa.
A própria estrutura é usada simbolicamente para remeter às origens: a sauna representa a cultura nativa, ligada por uma parede externa de cascalho à casa principal; é uma estrutura tradicional de madeira com cobertura de torrão de relva e foi construída segundo as características do vernáculo finlandês em madeira.













Corte










Fachada Principal









Vista Sudoeste

Há um vídeo que mostra a casa neste endereço: http://www.youtube.com/watch?v=b_TLLyrfWOY

























sexta-feira, 1 de junho de 2007

A madeira em enfoque nas obras de Alvar Aalto


Alvar Aalto, Aalto House, 1935-36





"A primeira característica essencial de interesse é a uniformidade da arquitetura careliana. Existem poucos exemplos comparáveis na Europa. É uma pura arquitetura de assentamento na floresta, em que a madeira domina quase cem por cento, tanto como material quanto como método de ensambladura. Desde o telhado, com seu sistema maciço de barrotes, até as partes móveis da construção, a madeira domina, na maioria das vezes ao natura, sem efeito desmaterializador que uma camada de tinta lhe confere. Além disso, a madeira é freqüentemente usada em proporções tão naturais quanto possível, na escala típica do material".


Alvar Aalto


Architecture in Karelia, 1941

A madeira é um material renovável, produzido em abundância pelo solo finlandês. Alvar Aalto foi patrocinado pela indústria madeireira finlandesa, o que fez com que este material esteja fortemente presente em suas obras. Isso levou-o a reavaliar o valor da madeira sobre o concreto enquanto material expressivo básico. Com isso, ele parece ter voltado aos poucos ao estilo arquitetônico textural do movimento românico nacional finlandês.
O primeiro sinal desse afastamento do Construtivismo internacional surgiu com sua própria casa, construída em Munkkiniemi, Helsinque, em 1936. A essa construção em forma de L, executada com uma colagem em alvenaria caiada, pranchas caneladas e jijolo aparente, seguiu-se seu projeto vencedor do concurso para o Pavilhão finlandês da Exposição Mundial de Paris, de 1937, uma estrutura de madeira com o título significativo de Le Bois est en marche (a madeira está a caminho). Era uma apresentação retórica da construção em madeira, e seus vários elementos de apoio expressavam as características específicas da madeira. No entanto, o Pavilhão finlandês era basicamente importante por sua formulação do princípio de planejamento de local que seria característico da carreira posterior de Aalto, segundo o qual um edifício dado é invariavelmente separado em dois elementos distintos, e o espaço de aparência humana. Em fase posterior de sua carreira, Aalto consideraria a passagem da expressão em concreto armado para a madeira e para os materiais naturais como algo da maior importância para o desenvolvimento de sua arquitetura.

Essa é a explicação necessária às formas escultóricas de Aalto, onde se vê, coberturas de diversas inclinações, estrutura de suportes leves e as sempre inteligentes aberturas altas, que levam diversas sensações lumínicas aos interiores através de entranhas.


Alvar Aalto, Pavilhão Finlandês, Exposição Mundial de Paris, 1937